Historia do ioiô
O ioiô é um brinquedo que se vale de algumas
leis da física para funcionar. Assim, quando alguém o lança para baixo, a força
da gravidade o puxa nessa direção, mas como ele está preso a um barbante
enrolado em seu eixo, e não pode se livrar dele, então começa a descer girando.
Nesse movimento de descida que faz rodando sobre si mesmo, o ioiô vai ganhando
aceleração aos poucos, até que o cordão acaba, quando então a energia potencial
acumulada durante a descida obriga o brinquedo a continuar girando. Mas como o
barbante não lhe permite continuar descendo, um pequeno tranco do jogador faz
com que o ioiô inicie o movimento de subida e retorne à mão dele, aí recebendo
novo impulso para baixo e assim por diante, o que prolonga a brincadeira por
tempo cuja duração vai depender da habilidade de quem está jogando.
Muita gente costuma dizer que o ioiô é o segundo
brinquedo mais antigo do mundo, perdendo apenas para a boneca. Ninguém sabe o
quanto de verdade existe nessa afirmação, mas o que não se pode negar é que a
história desse pequeno objeto é tão fascinante quanto seu funcionamento. Apesar
de pinturas gregas de 2.500 anos mostrarem pessoas se divertindo com modelos
primitivos de ioiôs, ele pode ser até mais antigo do que os desenhos sugerem,
pois historiadores acreditam que o brinquedo tenha surgido na China feito com
dois discos de marfim entre os quais se enrolava uma corda fina de seda. Dali
se espalhou pelo Oriente, chegando às Índias e Filipinas antes de ser
descoberto e adotado pelos gregos antigos.
Depois de um período de ostracismo em que quase
desapareceu, o ioiô ressurgiu nas Filipinas do século 18, assumindo, inclusive,
característica de arma de caça semelhante às boleadeiras gaúchas, pois quando
era arremessado, sua corda enroscava o disco de madeira nas patas do animal
perseguido e o derrubava. Daí ele chegou à Europa, onde no final da Idade Média
os nobres franceses e ingleses o usavam como um tipo de divertimento que lhes
relaxava a mente, mantendo-os afastados por algum tempo das tarefas diárias.
Inclusive, alguns relatos afirmam que antes das batalhas, as tropas de Napoleão
divertiam-se com os l’embrettes ou bandalores, nomes pelos quais
eram conhecidos naquela época.
Seu nome, porém, é outra história. Em 1920 o
filipino Pedro Flores levou para os Estados Unidos o brinquedo chamado por ele
de “yo-yo”, cujo significado em dialeto daquele país é o de “vem,
vem”. Em 1929 ele o vendeu ao empresário Donald Duncam, que decidiu não só
produzi-lo em grande escala, mas também investir em campanhas publicitárias que
o tornassem tão conhecido a ponto do seu nome ultrapassar as fronteiras
americanas e conquistar o mundo. Foi o que aconteceu.
O ioiô permite a prática de
inúmeros truques, como o de andar no chão, por exemplo, e os jogadores mais
habilidosos divertem e encantam os assistentes com malabarismos de toda ordem.
Nos modelos modernos, o barbante não se prende diretamente ao eixo, mas a um
sistema de rolamento, e por isso alguns ioiôs podem girar durante minutos. Segundo
a Associação Brasileira de Ioiô (www.ioiobrasil.org), “Nos últimos vinte anos, a
tecnologia vem mudando a cara dos ioiôs. Nos anos 80, os ioiôs 'inteligentes'
que retornavam para a mão do dono automaticamente foram criados e nos anos 90 o
uso de rolamentos nos ioiôs resultou em uma evolução inédita nas manobras
realizadas. Atualmente eles empregam tecnologia de ponta. A madeira e
plástico usados há décadas foram substituídos por novos materiais como aço, alumínio
e policarbonato. Da mesma forma, os truques e manobras acompanharam essa
evolução e o ioiô agora é praticado com seriedade em muitos países. A destreza
e habilidade dos melhores jogadores chegam a ser equiparadas àquelas dos
grandes malabaristas”.
“O ioiô no Brasil, assim como em inúmeros outros
países, teve períodos de 'febre', onde o brinquedo se tornou mania entre jovens
e crianças. As maiores dessas promoções, impulsionadas pelos ioiôs
Coca-Cola/Russell, ocorreram em 1982 e 1995. Até então, não havia uma
organização independente para o esporte no país. Em 2002 foi fundada a
Associação Brasileira de Ioiô, que passou a ser responsável pela organização de
campeonatos no Brasil. Nesse mesmo ano o Brasil teve seu primeiro representante
no Campeonato Mundial”.
De acordo ainda com a Associação, Rafael Matsunaga
foi o primeiro brasileiro a inscrever seu nome na história do ioiô,
sagrando-se, em 2003, campeão mundial na modalidade Counterweight. Ele também é
o único brasileiro agraciado com o título de National Yo-yo Master, título que
apenas onze outros jogadores no mundo possuem, e que é dado a praticantes que
promovem ativamente o desenvolvimento do esporte em seu país. O Brasil tem se
destacado no cenário internacional pelos seus resultados em campeonatos internacionais
e qualidade dos jogadores, sendo considerado por muitos como a terceira
potência mundial do esporte, atrás apenas de Japão e Estados Unidos.
Abordando o assunto, o jornal Diário do Nordeste,
de Fortaleza, Ceará, publicou em sua edição de 22/11/2006, a seguinte matéria: "Mesmo
que a febre ressurja de tempos em tempos, o ioiô sempre fez parte da diversão
de muita gente. Quem prova isso é Marcello Baroni, atual campeão brasileiro e
integrante da equipe York de Yo-Yo, fundada por Dione Ramgel, que carrega na
bagagem mais de dez anos de experiência na modalidade. O objetivo maior do
grupo é resgatar a brincadeira e, ao mesmo tempo, provar que os movimentos
obtidos com o instrumento vão além disso. 'Ainda são poucos os que vêem no ioiô
muito mais do que um brinquedo', destaca Marcello Baroni. 'Por exemplo, a peça
ajuda a trabalhar a coordenação motora, especialmente, se os praticantes forem
crianças'. Jogar ioiô também estimula o desenvolvimento de outras habilidades,
como a capacidade de concentração, agilidade dos reflexos, criatividade e
socialização. 'É incrível como o jogador, principalmente se for criança,
aumenta o seu espaço de socialização até com os próprios pais. Muitos já me
falaram de como a brincadeira foi um meio de aproximação com o filho', comenta
Marcello. O profissional ainda ressalta a importância da prática como uma
solução para o que ele define de ‘sedentarismo moderno’. 'As crianças precisam
sair um pouco da frente da TV, do computador e aproveitar outras formas de
brincadeira e aprendizado', afirma".
fonte: www.efecade.com.br